terça-feira, 31 de maio de 2011

Alguém


 Acordei cedo. Havia perdido o sono após um pesadelo terrível e todos os meus medos saíram do sonho para me atormentar. Eu queria correr para fora do meu quarto, para longe de tudo e esperar passar. Como não era possível agarrei com força o travesseiro, levei-o ao rosto e gritei, assim que cansei e perdi o fôlego procurei outra coisa que me distraísse. Achei.
 Uma estrelinha de pelúcia que estava ao lado da cama, aquela mesma que havia ganhado de presente de aniversário de alguém que prometeu nunca me abandonar. Guardei aquele presente em forma de promessa, na esperança de jamais me esquecer das coisas boas que vivemos juntos. Mas eu estava furiosa, meus pesadelos eram sempre com esse mesmo ser desaparecido há meses e eu tinha absoluta convicção de que ele não iria voltar mais.
 Então Agarrei a coitada da estrela, bati muito, mordi, joguei pro alto, soquei assim que a mesma caiu no chão. Parei nesse exato momento, senti uma dor enorme. Agachei-me peguei-a no colo, passei a mão na pelúcia, fiz carinho e pedi desculpas. Fiquei com raiva novamente E comecei de novo. Repeti a sequência três vezes. Me senti infantil. Parei.
 Sempre acreditei que para tudo existia boa explicações e soluções viáveis. Eu estava muito errada e aprendi do pior jeito.
 As vezes acontecem determinadas coisas sem uma razão  ou lógica e por mais que isso me incomode ao ponto de não esquecer as situações nem mesmo quando estou dormindo preciso aprender a lidar com elas e encontrar um modo alternativo.
 Saí do meu quarto tentando apagar os fatos típicos de uma criança e voltar a me comportar como adolescente e a futura adulta que desejo ser. Cheguei a cozinha pronta para tomar meu café da manhã.
 Já estava pegando a tigela para colocar os cereais e o leite quando a campainha tocou. Resmunguei um pouco e fui abrir.
 Eu estava de pijama ainda, pantufas, cabelo bagunçado e a caixa de leite de mão. Abri a porta sem o menor animo e levei um susto.
Era ele, o meu desaparecido. Numa eternidade que durou pouco mais de 20 segundos, na hora não pensei em nada, foi tudo no piloto-automático. Abri a tampinha da caixa de leite, com a maior calma do mundo. Dei dois passos pra frente, fiquei na ponta dos pés, olhei bem naqueles olhos, enquanto eles me fitavam esperando uma reação. Virei a caixa em cima da cabeça dele, senti o maior orgulho em ver ele boquiaberto. Chamei ele de imbecil, e fechei a porta. Pensei comigo. O dia começou bom.

2 comentários:

  1. ouuuuun *-* asdihasdih
    amei.
    o desaparecido ainda vai dar muitas e muitas histórias.

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  2. kkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkk.
    eu chorei no início e ri no fim. *---*
    amei. sigo. =*

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